A DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO 

Tradicionalmente, para os cristãos católicos, o mês de maio é voltado para a devoção a Maria, Nossa Senhora, a Mãe de Jesus. Dentre as orações, Novenas, terços e louvores são entoados àquela que deu a luz ao Salvador. Entretanto, para todos os que estão, de alguma maneira, ligados ao Instituto das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho, as comemorações já se iniciam na segunda quinzena do mês de abril, quando se celebra a memória da Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora do Bom Conselho.

Diariamente, fiéis do mundo inteiro se dirigem a Maria pra lhes pedir sua intercessão, invocando-a das mais diversas maneiras. Esses títulos de devoção se devem as suas aparições aos povos, como em Fátima – Portugal, sendo assim chamada Nossa Senhora de Fátima ou a sua presença no mistério da Salvação, como Nossa Senhora da Anunciação, ou ainda quando de seus conselhos necessitamos, invocamos, Nossa Senhora do Bom Conselho

Este título de Nossa Senhora do Bom Conselho remonta ao Séc. V quando o Papa Xisto III mandou construir uma Igreja dedicada a Nossa Senhora do Bom Conselho na cidade de Genezzano, Itália, ao lado de um convento fundado por Santo Agostinho. Esta cidade havia sido doada à Igreja com o advento dos imperadores cristãos, sucessores do Imperador Constantino que, convertido, decretara o fim da perseguição aos cristãos e da crucifixão (ano 312). A mesma Genezzano seria agraciada, cerca de mil anos depois, com um presente milagroso de Nossa Senhora.

Em meados do século XIV, a Albânia passava por grandes aflições. Depois de perder Jorge Castriota, seu valoroso líder, mais conhecido por Scanderbeg, que significa “príncipe Alexandre”, o povo albanês tinha duas trágicas alternativas: abandonar sua pátria ou sujeitar-se à escravidão aos turcos. Nessa terrível situação, a Virgem do afresco de “Santa Maria de Scútari” aparece em sonhos a dois dos valentes soldados de Scanderbeg, chamados Georgis e De Sclavis, ordenando-lhes que a seguissem em uma longa viagem.

Certa manhã, os dois soldados estavam em fervorosa oração quando o afresco da Virgem Maria se desprendeu da parede e, conduzido por anjos, envolto em branca e luminosa nuvem, suavem ente se retira do lugar onde estava e se dirige para a Itália na companhia dos dois soldados.

Naquela mesma época, na pequena cidade de Genazzano, vivia uma piedosa viúva chamada Petruccia de Nocera, digna terciária da ordem agostiniana. Beata Petruccia era muito devota da Mãe do Bom Conselho, venerada numa velha igreja da cidade. Essa piedosa senhora ficou perplexa ao receber do Espírito Santo a revelação de que Maria Santíssima, em sua imagem de Scútari, desejava sair da Albânia. Depois, a Beata assombrou-se ainda mais ao receber da própria Virgem Santíssima a ordem expressa de edificar o templo que deveria acolher a sua imagem.

Em obediência à ordem recebida, sob a direção dos agostinianos, com seus próprios recursos, a Beata começou a construção do templo. Mas quando suas paredes tinham apenas um metro de altura, seus parcos recursos acabaram e, por isso, Petruccia passou a ser alvo de zombarias. Até que, no dia 25 de abril de 1467, festa de São Marcos, padroeiro de Genazzano, o povo ouve uma melodia de rara beleza, vinda do céu. Todos fizeram silêncio e notaram que aquela música vinha de uma nuvem branca, que desceu aos poucos e se dirigiu para a parede de uma capela lateral da igreja inacabada.

Diante de todos, a nuvem desapareceu e ali estava – suspenso no ar, sem nenhum suporte visível – o sagrado afresco de Nossa Senhora do Bom Conselho! Que alegria para a Beata Petruccia, que estava presente, e quanto consolo para Georgis e De Sclavis, quando lá chegaram! Estava confirmado o desígnio divino revelado à humilde Beata Petruccia. Dessa forma, começou em Genazzano a longa e ininterrupta concessão de milagres e graças pelas mãos maternas de Nossa Senhora do Bom Conselho.

Em terras pernambucanas, esta devoção chegou através de Frei Caetano de Messina, Capuchinho que, fazendo missão no sertão de Pernambuco, constantemente recomendava a si e aos outros, aos auspícios da Virgem Maria. Em 1852, tendo estourado em Recife/PE, diversos conflitos políticos, o Frade foi chamado para apaziguar a confusão. Era costume, ao saírem em missão, portarem ícones da Virgem Maria. Naquela ocasião, encontrando-se sozinho no convento, restara-lhe somente o ícone da Mãe do Bom Conselho para partir em missão, uma vez que os seus irmãos haviam saído com os demais. A partir daí, Frei Caetano tomou o ícone como seu escudo e proteção em todas as duas andanças missionárias.

Ao chegar em Papacaça, movido de compaixão dada a situação que se encontrava aquele lugar, Frei Caetano constantemente recorria a Maria, a Mãe do bom Conselho. Ela, sempre solícita, aos pedidos de seus filhos, aponta para o seu Filho, Jesus, assim como está escrito no evangelho de João: “fazei tudo o que Ele vos disser”. E assim, Frei Caetano, iluminado pela fé, ouvindo os conselhos da Mãe Maria, empreendeu ali o seu projeto transformando a antiga Papacaça em Bom Conselho.

Colégios, açudes, cemitérios, além de uma congregação religiosa de irmãs, Frei Caetano emprenhou-se em colocar em pratica o pedido da Mãe do Bom Conselho e cumpriu a vontade de Jesus, levando a paz e o bem a todas as pessoas. Nossa senhora do Bom Conselho, aconselhai-nos e protejei-nos.

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